Foto: Courtesy of Art Basel Press Images

A força da IA: eficiência e acesso a dados

Um dos maiores trunfos da IA é a capacidade de processar em segundos aquilo que levaria dias de pesquisa manual.
_Resultados de leilões
_Premiações recebidas por artistas
_Próximas exposições em museus e galerias
_Histórico de coleções públicas e privadas

Essa velocidade democratiza o acesso a informações antes restritas a especialistas ou consultores com redes de contato privilegiadas. Para um comprador iniciante, pode significar um atalho valioso para compreender em linhas gerais o mercado.

Exemplo: um colecionador interessado em obras de até US$10 mil pode usar a IA para eliminar artistas cujos preços médios estão muito acima desse orçamento, evitando perder tempo em pesquisas ineficientes.

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O lado frágil: imprecisões e excesso de dados

Mas a mesma abundância de dados pode se tornar um problema. A IA sofre para distinguir obras icônicas de produções secundárias, bem como para contextualizar o peso cultural de uma exposição.

O caso narrado por Karen Boyer, fundadora da Elements in Play, é revelador:

Um cliente adquiriu uma pintura por US$200 mil, exposta na Bienal de Veneza. A IA, consultada em seguida, apontou preços entre US$7 mil e US$88 mil. O erro? O algoritmo comparou a obra principal da Bienal com trabalhos menores em papel, sem relevância ou procedência comparável.”

Esse episódio ilustra como a IA quantifica, mas não qualifica. Falta-lhe sensibilidade para captar hierarquias simbólicas, distinções entre suportes, importância institucional e a singularidade de cada peça.

Além disso, o risco de desinformação é real. Biografias equivocadas, dados desatualizados e estatísticas imprecisas já foram documentados em vários usos da tecnologia.

Foto: Courtesy Press Images Art Basel

IA como apoio na formação do gosto

Apesar de suas limitações, a IA pode ser útil na fase exploratória do colecionador. Ao perguntar sobre artistas semelhantes a Caravaggio, por exemplo, o ChatGPT pode indicar nomes que compartilham características como chiaroscuro, intensidade emocional ou atmosfera dramática.

Mais importante ainda, a IA pode ajudar o comprador a articular seus próprios critérios de gosto.

_O que me atrai em determinada obra?
_É a técnica, a paleta, a narrativa, a escala?
_Quais elementos rejeito ou não me interessam?

Essa função reflexiva pode ser poderosa para quem ainda está construindo um olhar crítico. No entanto, a curadoria final — a escolha que transforma desejo em compra — continua profundamente pessoal.

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O que a IA não substitui: acesso e relações

O mercado de arte não é movido apenas por dados, mas por relações.

_O acesso às obras mais disputadas depende de diplomacia com galeristas.
_A negociação exige confiança e sensibilidade.
_A definição de procedência e autenticidade requer expertise humana.

Um algoritmo pode fornecer contatos ou até modelos de e-mail para abordar uma galeria, mas não garante prioridade em listas de espera, nem acesso às melhores peças. Isso só se conquista com tempo, presença em feiras, conversas e vínculos de longo prazo.

Como resume a consultora Deborah Gunn:

“Na arte, relações são muito importantes. O estado físico da obra e a forma como ela se encaixa na vida do colecionador são aspectos que a IA não consegue resolver.”

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O papel insubstituível do gosto

No fim, a grande lacuna da IA é o que a torna também fascinante: ela não tem gosto.
Colecionar não é apenas acumular informações, mas interpretar, contextualizar e projetar uma visão estética. É esse olhar que dá coesão a uma coleção, transformando-a em narrativa pessoal ou institucional.

Boyer sintetiza bem essa ideia:

“Colecionar não é apenas informação. É interpretação, contexto e visão. A IA pode ajudar no pano de fundo, mas as escolhas que importam sempre exigirão o toque humano.”

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Conclusão: ferramenta ou substituta?

A IA não deve ser vista como concorrente do olhar humano, mas como ferramenta de apoio.

_Para iniciantes, é um mapa inicial.
_Para consultores, pode agilizar processos.
_Para galerias, pode organizar dados e comunicações.

Mas nunca substituirá o prazer da descoberta em uma feira, a emoção diante de uma obra ao vivo ou a confiança construída em um jantar com galeristas.
Em última análise, o futuro do colecionismo será híbrido: dados e algoritmos a serviço da sensibilidade humana, não no lugar dela.

Fonte: Artsy


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