Foto: créditos: Courtesy of Art Basel 2025 Press Images

Brasil em cena: pluralidade estética, presença institucional e potência comercial

Fortes D’Aloia & Gabriel voltou a se destacar em Basel, não apenas pela venda quase total de seu estande, como também pela monumental instalação Os Comedores de Terra (2025), de Luiz Zerbini, exibida na seção Unlimited.

A obra, que denuncia os impactos ambientais da mineração, funde pintura e escultura com sofisticação formal e crítica ecológica, capturando o espírito da feira: arte como denúncia e experiência imersiva.

Foto: Luiz Zerbini Os Comedores de Terra, 2025

Paralelamente, a Fortes D’Aloia & Gabriel registrou vendas expressivas, com destaque para obras de Marina Rheingantz, Luiz Zerbini, Tadáskia, Lucia Laguna, Beatriz Milhazes, Leda Catunda, Erika Verzutti e Ivens Machado. Também foram negociadas peças de Ernesto Neto e Pélagie Gbaguidi, esta última adquirida por uma instituição. Ruína Charque, de Adriana Varejão, segue em negociação, reforçando o apelo institucional da galeria nesta edição.

Foto: Estande da Fortes D’Aloia & Gabriel Gallery

Já a Galeria Raquel Arnaud apostou na força histórica e sensorial de Carlos Cruz-Diez, com a instalação Labyrinthe de Transchromie A, e celebrou seus 50 anos de colaboração com Sérgio Camargo, reafirmando seu papel como guardiã de um legado escultórico fundamental para o Brasil.

Foto: Carlos Cruz-Diez, Labirinto de Transchromie A, 1965-2017

Foto: Estande da Galeria Raquel Arnaud

A Gomide & Cia também fez história logo na pré-estreia, com a venda da tela Projeto Paisagístico para Brasília, de Roberto Burle Marx, por R$ 2,5 milhões, e com obras de Lorenzato e Max Bill em alta demanda, reiterando o valor de nomes que conectam Brasil e Europa no plano construtivo e modernista.

Foto: Roberto Burle Marx
Sem título, 1989

A Almeida & Dale, por sua vez, apresentou uma seleção vibrante de obras do artista autodidata José Antonio da Silva, cuja produção, entre 1950 e 1988, transforma a vivência rural em pintura potente, crítica e lírica.

As cenas da vida agrícola, festas populares e paisagens revelam um Brasil profundo e autêntico, que conquistou olhares internacionais: três obras foram adquiridas por colecionadores da Rússia, França e Alemanha, sinalizando o crescente interesse pelo legado de Silva.

A participação da galeria reforça seu compromisso com a valorização de artistas brasileiros que desafiaram os rótulos impostos e conquistaram relevância por mérito e originalidade.

Foto: Estande Almeida e Dale/ Art Basel 2025

A Mendes Wood DM demonstrou vigor contemporâneo com nomes como Patricia Leite, Solange Pessoa, Lygia Clark, Lygia Pape e a sul-coreana Eunnam Hong, cuja presença causou furor entre os colecionadores. A inserção de um monumental Bicho, de Clark, dialogou com uma linha curatorial que entrelaça memória e ousadia.

Foto: Estande da Galeria Mendes Wood

A Gentil Carioca reforçou a visibilidade institucional de seus artistas, com obras de Ana Silva, Agrade Camíz e Vinicius Gerheim adquiridas por instituições europeias. Destaque também para Mariana Rocha, jovem artista que passou a integrar o time da galeria após o encerramento da HOA, e cuja obra segue ganhando atenção crítica e institucional.

Foto: Estande da Galeria Gentil Carioca

Chico da Silva: mito, cor e reconhecimento global

No estande da David Kordansky, uma presença brasileira ressoou com potência mítica: Chico da Silva. Suas composições vibrantes, inspiradas nos mitos e na natureza amazônica, se destacaram como um dos momentos mais celebrados da feira.

Artista autodidata de ascendência indígena, Chico desenvolveu uma linguagem visual única, mesclando folclore e imaginação em tramas visuais de grande força simbólica.

Sua inclusão em Basel reflete o crescente reconhecimento internacional de seu trabalho e o compromisso da galeria com a ampliação das narrativas no campo da arte global.

Foto: Estande da Galeria David Kordansky

Projeções e continuidade

Galerias internacionais também contribuíram para reforçar a presença brasileira. A Alison Jacques exibiu obras raras de Lygia Clark, a Lisson Gallery apresentou uma pintura inédita de Dalton Paula vendida por US$ 200 mil e uma escultura de Tunga, enquanto a Victoria Miro relatou a venda de Celadon Song, de Adriana Varejão, por US$ 200 mil.

Por fim, a Galeria do Prefeito celebrou seu centenário com uma seleção vibrante de obras concretas e neoconcretas, com foco em Waldemar Cordeiro, Judith Lauand, Mira Schendel e outros marcos da arte brasileira moderna.

Foto crédito: estande da Galeria do Prefeito

Entre a tensão e a vitalidade

A Art Basel 2025 reafirma que, mesmo em tempos de instabilidade, a arte continua sendo um terreno fértil de ideias, resistência e valor. E, mais uma vez, os artistas brasileiros — de Cildo Meireles a Chico da Silva, de Beatriz Milhazes a José Antonio da Silva — provaram que sua produção é, ao mesmo tempo, profundamente enraizada e absolutamente contemporânea.

Com inserções institucionais importantes, vendas expressivas e um protagonismo discursivo que atravessa o político e o poético, o Brasil sai da feira maior do que entrou. A bolha da arte não ignora o mundo — ela o interpreta, o atravessa e, em sua melhor forma, o transforma.

Foto crédito: Courtesy of Art Basel Press Images


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