Saiba mais sobre a operação de investimento em obras de arte.
Foto: créditos: Courtesy of Art Basel 2025 Press Images
Por que a arte é vista como um porto seguro em tempos de inflação
Nos últimos anos, a arte consolidou uma imagem de “hedge” inflacionário — ou seja, um ativo que preserva o valor do capital em momentos de perda de poder de compra da moeda. Isso acontece porque o preço das obras tende a ser mais estável no longo prazo, diferentemente de ativos financeiros, que podem sofrer desvalorização direta durante crises inflacionárias.
Além disso, a arte possui características únicas: é um bem não fungível (cada peça é única) e ilíquido (não pode ser convertido em dinheiro rapidamente), e seu valor é determinado por fatores como qualidade artística, reputação, raridade e demanda do mercado. Para obras de alta relevância histórica ou estética, quedas de preço costumam ser mais lentas e menos acentuadas.
Outro fator que diferencia a arte de outros investimentos é o componente emocional. Muitos colecionadores compram obras pela conexão com o artista ou pela importância cultural da peça, e não apenas com o objetivo de lucro. Nesse sentido, a arte combina valor financeiro, significado cultural e satisfação pessoal.

Foto: Courtesy of Art Basel Press Images
Quando a inflação impacta os preços das obras
Apesar dessa reputação de proteção, o próprio mercado de arte também pode ser afetado pelo aumento generalizado de preços.
Custos ligados à criação, exposição, seguro, transporte e venda de obras crescem junto com a inflação — e, inevitavelmente, parte desse aumento é repassado ao comprador.
Nos últimos anos, galerias e artistas relataram aumento expressivo no preço de materiais e produção, com impacto maior sobre artistas emergentes. O transporte internacional também ficou mais caro, influenciando especialmente o comércio global de obras.
Esse impacto, no entanto, varia de acordo com a faixa de valor da obra. Para peças de menor preço, o frete pode representar uma parcela relevante do custo total. Já em obras milionárias, é pouco significativo — e, nesses casos, fatores como a situação financeira pessoal do colecionador pesam mais na decisão de compra do que o cenário macroeconômico.

Foto: Courtesy of Art Basel Press Images
O efeito da alta demanda pós-pandemia
Um exemplo claro de como a inflação se entrelaça com outros fatores do mercado ocorreu no período pós-COVID-19, entre 2021 e 2023.
A combinação de estímulos fiscais e demanda reprimida fez o valor de obras de determinados artistas subir de forma acelerada — em alguns casos, atingindo picos históricos em questão de meses.
No entanto, muitos desses aumentos não se sustentaram. O mercado viu preços recuarem quase tão rápido quanto subiram, evidenciando que, mesmo em um setor com forte apelo emocional, movimentos especulativos e bolhas de valorização também podem ocorrer.

Foto: Courtesy of Art Basel Press Images
Oportunidades e riscos em tempos de inflação elevada
Em períodos de inflação muito elevada, é comum observar um fenômeno específico no mercado de arte: algumas obras passam a ser oferecidas por valores abaixo do seu preço de mercado. Isso acontece porque determinados colecionadores e investidores buscam liquidez rápida para fazer frente a outras demandas financeiras.
Ao mesmo tempo, a precificação tradicional das obras — mais estável e menos volátil — não acompanha o ritmo acelerado da inflação. Por isso, em meio a esse cenário turbulento, vender uma obra pode significar aceitar um valor abaixo do potencial real. Nesses momentos, a estratégia mais recomendada é buscar oportunidades de compra, aproveitando obras de qualidade oferecidas a preços reduzidos. Quando o mercado se estabiliza, esses ativos tendem a retomar seu ciclo natural de valorização.

Foto: Courtesy of Art Basel Press Images
Mais do que economia: o fator humano na arte
Embora variáveis macroeconômicas influenciem o mercado, elas não ditam todas as regras. A criação artística não depende de ciclos econômicos positivos, e o desejo de colecionar arte frequentemente está ligado a motivações que vão além da lógica financeira.
Para muitos compradores, adquirir uma obra não é apenas uma questão de investimento, mas uma necessidade pessoal, cultural ou estética. Essa singularidade faz da arte um mercado resiliente, mas também complexo, onde a racionalidade econômica convive com a subjetividade do gosto e da emoção.

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