Saiba mais sobre a operação de investimento em obras de arte.
Foto: Courtesy of Art Rio Press Images
A crítica de arte: da autoridade à crise
Durante muito tempo, revistas e jornais especializados foram referências na avaliação de qualidade. Um caminho clássico de legitimação envolvia a progressão do artista de galerias para kunsthalles e, por fim, museus — percurso em que a crítica desempenhava um papel central.
No entanto, a partir dos anos 2000, a crítica independente entrou em crise, impactada pela queda da imprensa tradicional e pela ascensão da mídia digital. A linha entre crítica e publicidade tornou-se cada vez mais borrada, com a visibilidade midiática assumindo papel maior do que a análise aprofundada.

Foto: Revista Arte & Estilo
Redes sociais e a era dos influenciadores
O ambiente digital acelerou transformações profundas. Plataformas como o Instagram transformaram a recepção da arte em um consumo instantâneo de imagens, reduzindo a profundidade da experiência estética, mas ampliando significativamente o alcance. Críticos apontam que a visualização bidimensional limita a fruição da obra, esvaziando nuances e detalhes que só se revelam ao vivo.
Ao mesmo tempo, esse cenário permitiu a emergência dos influenciadores digitais como novos agentes de legitimação cultural. Com estratégias de linguagem próprias, muitos recorrem ao humor ácido e à ironia para dialogar com amantes da arte, tornando-se referências para públicos jovens e conectados.
Nesse contexto, os influenciadores passaram a exercer um impacto comparável ao da crítica institucional, especialmente entre colecionadores iniciantes, que buscam informações rápidas, acessíveis e alinhadas ao ritmo veloz das redes sociais.

Foto: “Print Screen” de dois perfis de críticos de arte
O papel dos curadores e a questão do valor
Curadores continuam sendo formadores de gosto, mas raramente são remunerados proporcionalmente à influência que exercem na valorização das obras. Enquanto artistas em alguns países já recebem taxas de revenda no mercado secundário, os curadores permanecem à margem dessa redistribuição de valor.
Discute-se, portanto, novos modelos de reconhecimento financeiro, como taxas de exposição ou participação mais direta na valorização que ajudam a criar.

Foto: O curador Paulo Herkenhoff com “Flower swing”, de Beatriz Milhazes — Foto: Leo Martins / Agência O Globo
A influência como mercadoria
O estilo de vida ligado ao mercado de arte tem favorecido a entrada de influenciadores que aproximam a arte de setores como moda e vinhos. Figuras como Hilde Lynn Helphenstein, conhecida como Jerry Gogosian, exemplificam como algoritmos e humor podem curar, comentar e até influenciar resultados de leilões.
Nesse cenário híbrido, a crítica, a curadoria e a influência disputam relevância, moldando o futuro da percepção artística.

Foto: Hilde Lynn Helphenstein aka Jerry Gogosian, image courtesy of Sotheby’s, NY.
No cruzamento entre crítica, curadoria e influência digital, o mercado de arte revela sua natureza em constante mutação: um espaço onde valores simbólicos, estéticos e financeiros se entrelaçam. O que antes dependia de trajetórias institucionais lineares hoje se reconfigura em redes mais horizontais, rápidas e, muitas vezes, voláteis. Cabe aos diferentes agentes — críticos, curadores, influenciadores, colecionadores e artistas — compreender que a legitimidade não é mais monopólio de uma só esfera, mas resultado de disputas e diálogos contínuos que moldam tanto a circulação quanto a própria definição do que é arte no presente.
Fonte: Art and It´s Market- Dirk Boll










































