Saiba mais sobre a operação de investimento em obras de arte.
Foto: Courtesy of Art Basel Press Images
A correção como oportunidade
Crises e ajustes não são novidade no setor. Nos anos 1990, após a falência da Lehman Brothers e durante a pandemia, o mercado também sofreu retrações. Em todas essas ocasiões, quem comprou obras de qualidade em momentos de baixa colheu resultados expressivos na retomada. “Estamos tão próximos do fundo quanto é possível estar”, resume Hoffman.
Esse “fundo” do mercado não significa colapso, mas uma depuração: preços inflados pela especulação e pelo crédito barato cedem espaço a valores mais realistas. Obras medianas perderam liquidez e caíram até 50%. Já as peças de qualidade museológica seguem conquistando resultados sólidos, como no caso recente de um Canaletto vendido por US$ 31,9 milhões.

Foto: Veneza, de Canaletto: O Retorno do Bucintoro no Dia da Ascensão foi vendido por um recorde de £31,9 milhões em julho.”
Onde estão as melhores apostas
Segundo Hoffman, o foco agora deve estar em artistas “blue-chip” — nomes consagrados cuja relevância histórica garante demanda de longo prazo. Warhol, Picasso, Peter Doig e Ed Ruscha figuram entre os destaques. David Hockney, em especial, aparece como subvalorizado em relação à sua estatura, apesar de recordes já registrados, como a venda de Portrait of an Artist (Pool with Two Figures) por US$ 90 milhões em 2018.
O mercado médio, entre US$ 10 e 50 milhões, apresenta hoje baixa liquidez. Já faixas entre US$ 150 mil e US$ 1 milhão mostram atividade crescente em leilões. No extremo superior, acima de US$ 50 milhões, bilionários e instituições seguem ativos — confirmando que o topo da pirâmide permanece resiliente.

Foto: Joan Mitchell Foundation/Courtesy Art Basel
Mudança no perfil dos colecionadores
Um dado relevante é a transformação geográfica e geracional da demanda. Russos e chineses, que chegaram a representar até 15% das compras de ponta, estão menos presentes. Em seu lugar, surgem famílias recém-ricas dos Estados Unidos, do Oriente Médio e de setores como tecnologia, private equity e hedge funds. Essas novas fortunas preferem obras contemporâneas, capazes de refletir seu espírito de inovação.
Entre os compradores mais ativos, destacam-se também famílias judaicas e israelenses, como os Ofer, que conciliam colecionismo com filantropia cultural em instituições como MoMA, Tate Modern e Museu de Arte de Tel Aviv.

Foto: Courtesy of Art Basel Press Images
O ponto de virada
A projeção de Hoffman é clara: 2025 e 2026 serão os anos ideais para compras estratégicas, antes que o ciclo de queda de juros reacenda a competição e os preços voltem a subir. O raciocínio é o mesmo de qualquer mercado de ativos — quem entende de timing não teme a correção, mas a enxerga como porta de entrada.

Foto: Courtesy of Art Basel Press Images
O momento atual pode ser desconfortável para quem olha apenas os números de queda. Mas, para colecionadores e investidores que buscam valor de longo prazo, a retração abre espaço para aquisições históricas. Se a arte é, ao mesmo tempo, ativo financeiro e patrimônio cultural, investir agora é tanto uma estratégia econômica quanto um gesto de visão — a capacidade de enxergar beleza e valor antes que o mercado volte a disputar com intensidade.
Fonte: The Jewish News by Candice Krieger










































